Quando nós somos alunos do
ensino primário, fundamental e até médio, somos tão ineptos ao ponto de pensar
que temos autoridade suficiente para dizer que tal disciplina ministrada em
sala de aula nunca vai servir para a vida futura. Balela juvenil. Desde que
entrei em um programa de mestrado me arrependo com veemência cada uma dessas
palavras tolas que pronunciei. Principalmente à respeito da velha e boa matemática, com
todos seus gráficos e cálculos que lido hoje, como era bom ter me dedicado um
pouco mais a tal disciplina. Enfim...
Hoje, tive uma grande
nostalgia ao ler mais um corriqueiro artigo em inglês. A duras penas, estou lendo e entendendo alguma coisa, outras deixando passar desentendidas, quando de
repente surge a palavra “Cat”. O
assunto tratava de gatos descerebrados, mas o que realmente me fez pasmar e
parar foi a memória que imediatamente veio em minha mente. Exatamente o dia em
que eu aprendi tal palavra.
Se minha boa memória não
falha, o ano era 1995, primeira série do ensino primário. Aula de inglês. A
professora chega e comunica que teremos a inovadora aula de inglês. Eu na minha
inocência de criança pensei logo o que sempre pensava quando pressentia o
início de assuntos “difíceis”, como separação de sílaba e ter que aprender que
o “M” vinha sempre antes do “P” e do “B”. “Nunca vou aprender isso”, matutava em um desapontamento covarde - Ainda guardo um pouco dessa insegurança que
me faz tartamudear até hoje - Então, quando abro o livro na página determinada,
aparecem dois animais sorridentes, um gato e um cachorro, e em cima escrito
seus respectivos nomes traduzidos para a língua inglesa: “cat” e “dog”. Bastou, não
precisava a professora falar mais nada, me bateu uma felicidade inenarrável,
que depois disso só lembro-me de chegar a casa e correr para contar ao meu pai.
- Pai, sabe como é gato em
inglês?
E meu pai numa resposta
desinteressada:
- Hum...
- É “quéti”.
Pronto, nunca mais me
esqueci de tal aprendizado que julgava até poucas horas atrás, desnecessário e
irrelevante. Mas não, como já é sabido, nenhum conhecimento é inválido. E hoje,
alguns anos mais tarde, senti a importância de aprender tal palavra, na
inocência de minha série primária e na premência de minha carreira
profissional.
Moisés CouTo
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